Este é o canal de noticias e expressão do Feijão com Arroz.

Segunda-feira, Junho 20, 2005

José e Eduardo

No Forum Social Mundial de 2005, estive em Porto Alegre com outros amigos e participei de uma coletiva à imprensa com Eduardo Galeano e José Saramago, para quem não os conhecem são escritores, o primeiro é uruguaio e formou-se em jornalismo, o segundo é português e só entrou em uma universidade quando foi convidado para palestrar sobre seus escritos.

Foi uma coletiva tensa, jornalistas ficaram de fora devido à lotação da sala, entravam participaram os que chegaram primeiro, obviamente, mas descontentes os jornalistas paraguaios não se calavam e criaram alguns coros invocando a DEMOCRACIA para participarem da coletiva, chamavam à Galeano, que como escritor humanista, deveria salvá-los, mas o mesmo via que a sala estava lotada o que impossibilitava a entrega dos outros "hermanos" jornalistas.

A consideração dos jornalistas do paraguai sobre o "herói" Galeano me levou à uma reflexão acerca de todos os escritores/poetas, fotógrafos, cineastas, enfim, à todos aqueles que algum dia me fizeram buscar suas origens, suas biografia pois seus valores me indagavam, alí vi que o mundo não tem super-heróis, vi que Galeano viajou e escreveu, viveu, sentiu e foi inevitável chamar seu livro de As Veias Abertas da América-Latina. Nestes momentos Saramago apenas balançava a cabeça com seus calvos e simpáticos cabelos brancos.

Quando foram indagados sobre o que pensavam eles dos universitários e das universidades hoje, foram simples, muito simples por sinal, primeiro o Galeano falou que a faculdade lhe trouxe um grande aprendizado, os cafés de Montevidéo, lá que discutia política, futebol, juventude... e não na universidade, foi nos cafés que aprendeu a escrever, que aprendeu a entrevistar e a falar, e assim tornar-se um jornalista parcial e respeitado. Simples também foi a colocação de Saramago, simples e curta, pois apenas pediu a palavra para dizer que só havia entrado em uma universidade após ter publicado alguns livros.

Este conceito de aprendizado me levou aos longos diálogos imaginados na Grécia antiga, cujos conhecimentos perpetuam-se até hoje, quem sabe porque conversavam mais e não apenas ouviam e engoliam a hierarquia do tablado. Ah, enquanto isso, os jornalistas do paraguai continuavam berrando.

Colaboração: Guilherme Meneghelli
6/20/2005 01:33:00 PM
 

0 COMENTÁRIO(S):

Postar um comentário

<< Voltar