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Segunda-feira, Janeiro 30, 2006

Enquanto sonho, vivo!



O sonho e a vida se unem em um inimaginável mundo surreal, afinal descobri que quanto mais durmo, menos vivo e sonho bastante, é verdade, mas sem tempo de resolvê-los.

Descobrí que quanto menos durmo, mais vivo e mais sono tenho, é claro, mas, assim, tenho tempo de realizar meus sonhos acordado, tranformando o que à minha volta se encontra ou não se encontra, afinal, anda perdido e sem sonho, em muita gente e sei disso.

As olheras fazem parte de um mundo sonhador, mas não dorminhoco, que fique bem claro. A busca pela surrealidade continua a ser o ponto de contato entre aqueles que querem, através da união entre o Amor, a Poesia, o Sonho, o Humor e a Revolução, transformar o mundo e mudar a vida. (Almeida Filho)

É isso que queremos, acordado, dormindo ou sonhando acordado, o que é melhor. Dormindo pouco, sonho acordado, é verdade, o cansasso não é nada mais que poesia in vita, no dia-a-dia mesmo, atitudes estéticas, que provoquem a vida nas pessoas, porque tem gente que morre um pouquinho a cada dia, seja não olhando nos olhos, promovendo guerras ou ignorando os amigos e sí próprio.

Acordados, temos a liberdade de realizar os sonhos, nossos, vossos, do povo, de todos! Afinal, eu sonho acordado e fico cansando, exausto e até bastardo, indispensável, mas sonhador, ACORDADO, é claro, com olheras, olhos e orelhas esperto, sonhador e artista.

Colaboração: Guilherme Meneghelli
1/30/2006 09:04:00 PM
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Doce Ilusão


O mito da verdade hoje transformou-se no medo da verdade, afinal, dizer a verdade tornou-se algo tão perigoso que cheira à ruínas, mas depois de todos os escombros, resta sempre o amanhã. Doce Ilusão.

Esta foto faz parte do projeto Doce Ilusão,
uma exposição fotográfica sobre os escombros, as ruinas e os sonhos.

Colaboração: Guilherme Meneghelli
1/30/2006 08:48:00 PM
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Enquanto isso e por enquanto...


Enquanto Mônica tomava uma bala numa rave do outro lado da cidade
Eduardo, 16 anos, tomava uma bala na cabeça
num assalto a mão armada:
ele não quis se desfazer
do seu microcelular
que tudo faz e tudo vê.
À beira do abismo do caos de concretos
fatos falsos estampam manchetes coloridas
Sorria, você está sendo filmado calado comprado vendido
a inumeráveis prestações de juros estratosféricos
Sorria, ainda está vivo
seu corpo
no vai-e-vem absorto de cacos de corpos
mortos aos poucos
Entra em rede, se prende, se perde
- vai scrap no orkut!
Enquanto Ronie criava uma nova comunidade
racista, nazista, machista, sexista, tudoista e mais um pouco
Mais um louco estrebuchava eletrocutados neurônios
num manicômio em regime fechado
O bicho comia solto
em velhas comunidades de favelas
no fogo cruzado entre o crime organizado e o desorganizado
Tantas velas consumiam-se em novos caixões
Outras tantas procissões rogavam um Deus em salvação
Um deles disse não em seita suicida
Um outro deu receita: compre sua vida
após a morte
E todo o mundo foi entregue à própria sorte
ou azar
Alguém deu grito salve-se quem puder
é cada um por si e Deus por mais ninguém!
Uns contra todos e todos por nenhum!
Um outro viu além, não disse amém, bradou uni-vos!
Ninguém ouviu seus uivos.
Enquanto Laurinha comprava
uma roupa última moda
Madalena era estuprada
à moda antiga
Maria entoava mais uma cantiga de roda
O mundo girava a roda viva
A cidade corria, corria, corria
e na pressa ninguém se lembrou de viver
Teve também quem não achasse meios
e todos aqueles que se ofereceram aos arreios
Enquanto isso e muito mais,
e por enquanto em todo canto,
ainda ouço um uivo gemido tímido ecoar nos meus ouvidos:
uni-vos! uni-vos! uni-vos!


Poesia de Beatriz Tavares
www.numanoitequalquer.blogspot.com

Colaboração: Guilherme Meneghelli
1/30/2006 07:51:00 PM
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Sexta-feira, Janeiro 27, 2006

Desejo à você

Desejo, primeiro, que você ame, e que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo também que tenha amigos, ainda que maus e inconseqüentes.
Que sejam corajosos e fiéis, e que pelo menos num deles você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim, desejo ainda que você tenha adversários.
Nem muitos, nem poucos, mas na medida exata para que, algumas vezes, você se interpele a respeito de suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo, para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo, depois, que você seja útil, mas não insubstituível.
E que nos maus momentos, quando não restar mais nada, essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo, ainda, que você seja tolerante, não com os que erram pouco, porque isso é fácil, mas com os que erram muito e irremediavelmente, e que fazendo bom uso dessa tolerância, você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você, sendo jovem, não amadureça depressa demais, e que, sendo maduro, não insista em rejuvenescer, e que, sendo velho, não se entregue ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor, e é preciso deixar que aconteçam no tempo certo.
Desejo, por sinal, que você seja triste, não o ano todo, mas apenas um dia.
E que nesse dia descubra que o riso diário é bom, o riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra, com a máxima urgência, acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo, ainda, que você afague um gato, alimente um cuco e ouça o João-de-barro erguer triunfante o seu canto matinal porque, assim, você se sentirá bem por pouca coisa.
Desejo também que você plante uma semente, por mais minúscula que seja, e acompanhe o seu crescimento, para que saiba de quantas muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro, porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano coloque um pouco dele na sua frente e diga "isso é meu", só para que fique bem claro quem é o dono de quem.
Desejo também que nenhum de seus afetos morra, por ele e por você, mas que, se morrer, você possa chorar sem se lamentar e sofrer sem se culpar.
Desejo, por fim, que você, sendo homem, tenha uma boa mulher, e que sendo mulher, tenha um bom homem e que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes, e quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda haja amor para recomeçar.


Victor Hugo, poeta
Victor Hugo

Colaboração: Guilherme Meneghelli
1/27/2006 11:02:00 AM
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